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Terça-feira, 6 de Dezembro de 2011

Chegou a hora do tudo ou nada

 

A desconexão entre as negociações sobre o clima e a realidade científica é gritante. No processo sob a égide das Nações Unidas o progresso é demasiado lento e o planeta vai aquecendo.  

 

Na semana passada, as negociações avançaram a passo de caracol, entre picos e vales, corredores, reuniões paralelas, side events, "diz-que-disse", discutiram-se os textos e brackets (parênteses). Enquanto isso, as inundações aumentam, as tempestades destroem meios de subsistências e os refugiados ambientais aumentam…

 

As evidências científicas mostram que se não agirmos JÁ, dentro de poucos anos será demasiado tarde para evitar as consequências catastróficas das alterações climáticas. Neste momento, corremos o risco de deitar fora trabalho de vinte anos, atrasando ainda mais as decisões verdadeiramente necessárias.

 

Ao longo dos últimos dias temos assistido a discussões sobre um cronograma de acções que nos levam para as consequências mais dramáticas das alterações climáticas. As associações ambientalistas pensavam que em Durban se ia discutir um cenário de acção pós-2012. Afinal, as negociações mudaram para o pós-2020. Isto é simplesmente inconcebível! O mundo não pode permitir um intervalo de dez anos nas negociações.

 

Está na altura da União Europeia ajudar. Como? Acordando um segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto para 5 anos. E fazê-lo agora.

 

Os EUA e outros países afirmam que o nível de ambição das reduções actualmente em vigor é suficiente para evitar as alterações climáticas. Isto não é verdade. Um mundo penhorado e em revisão é um mundo de incerteza. Há mesmo um retrocesso num sistema em que não há nem garantias, nem garantias de acções a serem tomadas. Assim não vamos lá.

 

Em vez disso, devemos aumentar o nível de ambição até 2015, caso contrário o aumento da temperatura global será de superior a 2ºC e move-se para os 3ºC, com tudo o que isso envolve.

 

O segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto deve ser aprovado, pois é o único instrumento que vincula juridicamente os países a reduzir as emissões.

 

Durban também deve ser o palco para acordar em negociar um acordo juridicamente vinculativo para complementar - e não substituir! – o Protocolo de Quioto até 2015, o mais tardar. Os que defendem qualquer outra solução estão apenas a tentar evitar as suas responsabilidades e a adiar medidas urgentes.

 

Desde Copenhaga que este processo tem sido “empurrado com a barriga”. Não há mais tempo para isso. Não podemos fingir que estão a ser tomadas decisões, quando está a acontecer precisamente o contrário. 

 

Mas as decisões podem ser tomadas. Nos momentos difíceis, há também aspectos positivos. A China mostrou flexibilidade e disposição para negociar as questões delicadas. A União Europeia pode aceitar um segundo período de compromissos do Protocolo de Quioto de 5 anos e continuar firme nas negociações até 2015. Os Pequenos Estados Insulares estão a empurrar no caminho certo, uma vez que também estão próximos do limite perigoso.

 

Não há outro caminho e esta é a hora de o escolher. E temos de fazer pressão para que os EUA não vão, nem arrastem outros, noutra direcção. As organizações de ambiente estão confiantes que os Ministros que hoje começaram a chegar vão mostrar a verdadeira liderança, optar por não seguir o caminho da incerteza, mudar de rumo e tomar as medidas ousadas para uma direcção que seja positiva para toda a humanidade, para o clima, para o planeta.

por Quercus às 17:34
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Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2011

O futuro ameaçado*

Durban, na África do Sul, deveria ser um dos centros de atenção do mundo até 9 de Dezembro. Pela Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, passam as decisões políticas do futuro do clima, mas acima de tudo, da humanidade.

 

Recentemente, a Agência Internacional de Energia afirmou que se não for invertido o actual cenário crescente de queima de combustíveis fósseis até 2017, atingiremos nessa altura as emissões de carbono inicialmente previstas para o ano de 2035, tornando inevitável um aquecimento superior a 2 ºC em relação à era pré-industrial, o que poderá ter consequências dramáticas. O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) publicou um relatório onde associa a maior frequência e severidade de um conjunto de eventos meteorológicos extremos às alterações climáticas. As perdas e danos associados a cheias, tempestades e ondas de calor apenas na Europa foram estimadas em mais de 11 mil milhões de euros em 2010. Por último, a OCDE anunciou que, ao ritmo actual, duplicaremos as emissões nos próximos 40 anos, resultando num aumento médio da temperatura entre 3 e 6 graus até 2100.

 

O mundo necessita assim, mais urgentemente que nunca, de um acordo climático bem sucedido. Durban está a ser uma conferência difícil, mas pode mesmo assim representar um passo em frente, se traçar um caminho para um acordo global, ambicioso e vinculativo – leia-se a ser assinado por todos os países desenvolvidos, economias emergentes e outros países em desenvolvimento. Este acordo tem de ser concretizado em 2015, pois 2020, como alguns defendem, é demasiado tarde, e deve começar com a continuação de um segundo período do Protocolo de Quioto, que expira no final de 2012. Apesar da proclamada desistência de países relevantes como o Canadá, Japão ou Rússia e da não adesão dos Estados Unidos, os países em desenvolvimento e a Europa já mostraram o seu empenho em sair de Durban com compromissos. Os países desenvolvidos devem fixar objectivos em linha com os Acordos de Cancún, de pelo menos 25 a 40% de redução de emissões até 2020, comparativamente com 1990, sem recorrerem a estratégias camufladas, nomeadamente envolvendo uma contabilização exagerada das emissões evitadas pelo uso do solo e floresta. É também fundamental que a China e outras economias emergentes assumam acções de mitigação. É ainda necessário assegurar financiamento para o novo Fundo Climático Verde, a partir de 2013.

 

No que respeita a Portugal, é fundamental promover e educar a população e empresas para uma redução de consumos energéticos, aumento da eficiência energética e recurso às energias renováveis. A revisão em baixa das metas nacionais de electricidade de origem renovável para 2020 e a quebra de incentivos em sede de IRS à eficiência energética e às renováveis (com relevo para a água quente solar), a que se associa um aumento do IVA de 13% para 23%, são sinais de uma visão limitada de uma crise que merecia um olhar mais abrangente e longínquo no tempo.

 

Francisco Ferreira, Quercus (em Durban)

*artigo publicado na última edição do jornal Expresso

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por Quercus às 11:49
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Segunda-feira, 14 de Novembro de 2011

Opinião: «Mercados da energia ou governação da energia?»

Para ler no PÚBLICO, a opinião de Javier Solana e de Ángel Saz-Carranza: "Este mês, a Agência Internacional de Energia publicará o seu relatório anual e de referência internacional, o World Energy Outlook, que confirmará que nós não estamos no caminho certo para a redução do aquecimento global. Se a tendência actual da produção energética continuar, a média da temperatura terrestre será 2ºC mais elevada em 2100 do que aquela que era em 1990, causando danos irreversíveis para o planeta e nas condições da vida humana."  (artigo integral)

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por Quercus às 21:35
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