O Reino Unido divulgou ontem o "Carbon Plan", onde reafirma que irá atingir a sua meta de redução de gases de efeito de estufa em 2020 e cortar em 80% as suas emissões , em 2050.
De notar que a meta do Reino Unido para 2020 é de reduzir em 34% as emissões, em relação a 1990.
O Brasil ganhou hoje o 1 º lugar no Fóssil do Dia!
À medida que o mundo assiste atónito pela falta de urgência nas negociações em Durban na busca de uma solução global para uma ameaça global, alguns países são capazes de um nível de cinismo e desprezo pelas consequências das suas acções que nos deixam perplexos. Desta vez é o Brasil. Sim, o Brasil mesmo país que sediou a Cimeira da Terra em 1992, que deu origem à Convenção do Clima e depois ao Protocolo de Quioto. O mesmo país que vai sediar a Rio +20 reunião no próximo ano.
Se a nova lei da floresta brasileira, que agora a ir para o Congresso brasileiro, for aprovada como está, será um desastre para as florestas brasileiras, para o clima, para os povos indígenas na Amazónia e em outros lugares, para a preservação da biodiversidade e inestimáveis serviços ambientais. O que é que o Brasil veio aqui a Durban pedir, se volta para casa e a nova lei cria as oportunidades para um aumento nas emissões de gases de efeito estufa totais do Brasil muitas vezes superior?
Na verdade, o impacto negativo da nova lei já começou e a lei ainda não foi sequer aprovada na Câmara e no Senado.
Quando o Ministério do Ambiente anunciou esta semana que a nova lei ajudará o Brasil a cumprir a meta de redução de emissões de gases de efeito estufa, as associações de ambiente não vêem outra alternativa que não seja a de presentear o Brasil com o prémio mais notório, atribuído diariamente aos países que causam um maior prejuízo aos trabalhos de negociação na conferência - o fóssil do dia.
Aparentemente, a Ministra do Ambiente tem "atrasada" a sua viagem para Durban por causa das negociações da lei da floresta no Congresso. Os ambientalistas aguardam ansiosamente a Ministra para receber este prémio e explicar ao mundo como o corte de árvores reduz as emissões de gases de efeito estufa.
Hoje, às 13 horas de Durban, junto ao centro de convenções onde se realiza a conferência, com muitas dezenas a assistir e a participar, as Embaixadoras de Granada (Caraíbas)e Nauru (Pacífico) efectuaram a chamada “Manifestação da Sobrevivência”.
Num discurso emocionado e simbólico de países ilhas que vêm o seu futuro ameaçado, declararam que é preciso "ocupar" a Conferência, obrigando todos os participantes a resolver o problema das alterações climáticas nas suas diferentes vertentes, da mitigação, à adaptação, ao financiamento. Realmente, numa altura em que do ponto de vista legal surgem dúvidas sobre a possível continuação em vigor para um segundo período do Protocolo de Quioto enquanto não for ratificado pelos países, em que alguns o querem abandonar (o caso mais veemente é o do Canadá), em que remete para 2020 a formalização de um acordo global, atrasando em quase uma década qualquer decisão, o desespero começa a atingir muitos os que ao fim de uma primeira semana de negociações não vêem qualquer perspectiva de solução para os problemas que os tocam já directamente e ameaçam a sua sobrevivência como país.
Como já aqui se disse no post de ontem, o “Indaba” é uma discussão aberta onde pouco ou nada se avançou. Talvez por isso mesmo vale a pena
olhar para um dos discursos mais emocionados, vindo de um país de expressão portuguesa, Cabo Verde. Na cultura Zulu, “Indaba” é um local para contar histórias. O delegado explicou assim a “verdadeira” história do Titanic. Antes de encontrar o iceberg, o Titanic encontrou um pequeno barco chamado “Esperança” que se estava a tentar desviar do grande navio. As pessoas gritaram e acenaram ao Titanic e foram descobertos mas não puderam ser salvos porque o capitão do navio desse que não era possível parar porque as máquinas estavam a funcionar ao máximo – e assim o pequeno barco “desapareceu na noite”. Mas também sabemos que o Titanic não percorreu muito mais caminho e não chegou ao seu destino. Assim, países como Cabo Verde, desaparecerão primeiro porque são pequenos, pobres e precisam de ajuda, mas os maiores também não irão muito mais longe. Se não fizermos nada desde já para salvar as ilhas Africanas, Cabo Verde terá o mesmo destino de Kiribati e Tuvalu. Não podemos viver uns sem os outros; é necessária solidariedade, especialmente aqui no país de Mandela.
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Outubro 2011